Turismo amanhã…

Portugal é entre os 36 países-membros da OCDE o que apresenta uma maior percentagem do PIB resultante do setor do Turismo (12,5%). Sei eu e saberá a maioria dos portugueses que o turismo está inscrito no nosso ADN e que os últimos anos, particularmente, têm sido de grande prosperidade para o setor. Recorra-se à experiência dos inúmeros portugueses que são impactados por este setor de atividade; todos nós conhecemos alguém que tem no turismo a sua grande fonte de rendimento. O coronavírus SARS-CoV-2 é um vírus “democrático”, ouvimos e lemos quase todos os dias. A realidade é mesmo essa, doa a quem doer, mas para Portugal dói muito. Um vírus que atinge qualquer pessoa, qualquer que seja a classe social, em qualquer cidade, de qualquer país do mundo; mais democracia não há! O turismo em Portugal é uma espécie de braço armado da economia e a pergunta é: como é que o país vai reerguer-se? Não podemos mudar o nosso ADN, passar a ser algo diferente do que somos e, ainda que pareça ser redutor dada a fasquia que alcançamos, a primeira e mais imediata necessidade do país é: equilibrar os fluxos turísticos com regras sanitárias e de segurança. É fácil? Não, de todo. Mas o mundo já percebeu o que Portugal está a sentir na pele. Entrámos no fatídico mês de março
de 2020 com o título de melhor destino turístico do mundo que nos foi abruptamente retirado. Mas, note-se, não nos substituíram no pódio; todos os outros lugares sentem as mesmas dores e aguardam remédio urgente.
Não há turistas em Portugal (ponto). Há equipas de limpeza e desinfeção, donos de lojas e restaurante que tímida mas convictamente tentam regressar à nova normalidade. Basta olhar para os grandes locais de fluxo turístico para perceber o silêncio em que se encontram. No entanto, está provado que os ciclos de crise económica podem ser disruptivos e a pergunta que faço é a que assola grande parte dos agentes turísticos: será que alguma vez as coisas voltarão a ser como eram, antes de março de 2020? Por outro lado, será que é sequer do interesse das vilas e das cidades que sejam? Acredito, verdadeiramente, agora que fomos obrigados a refletir sobre o nosso ADN que vamos conseguir fazê-lo de forma mais sustentada; é este um dos novos desígnios nacionais. Temos
histórico, factos, sabemos a importância singular que o turismo tem para a economia, estamos, portanto, em condições de redesenhar uma nova estratégia.
Sintra, é um caso típico da subida galopante do turismo de massas nos últimos anos. Parece-me que chegou o momento, ainda que sem aviso prévio, de repensarmos o modelo com a preocupação pela sustentabilidade. Os sinais dos novos tempos são indicativos: reinventar, reconstruir e repensar. Esse é o caminho para um turismo que se pretende sustentável, este é o caminho para Sintra.
JEL28 maio/junho 2020