Saber interpretar rótulos favorece uma alimentação saudável
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(Texto da responsabilidade do Gabinete de Segurança Alimentar da AESintra)
No Dia Mundial da Alimentação, o Gabinete de Segurança Alimentar da AESintra ajuda-o a interpretar rótulos, considerando que, para manter uma alimentação saudável, equilibrada, completa e variada e que siga as orientações da Roda dos Alimentos, não basta conhecer os nutrientes de cada alimento; é também necessário ler a informação presente no rótulo, por ser um excelente aliado na demanda por uma alimentação saudável. Um rótulo é um bilhete de identidade do produto.
De entre os constituintes do rótulo, a lista de ingredientes, a declaração nutricional, as condições de conservação e o prazo de validade, são aqueles que mais condicionam a saúde do consumidor.
Lista de ingredientes
É a informação mais importante de um rótulo no que toca a escolhas e hábitos alimentares. Nela estão contidos todos os constituintes do produto e só com a sua consulta se consegue ter a certeza das melhores escolhas. Esta lista obedece às seguintes regras:
- Descrição dos ingredientes que se encontram por ordem decrescente relativamente à quantidade, ou seja, o primeiro ingrediente descrito é o que contém maior quantidade e o último menor quantidade;
- Apresentação de alergénios (alimentos que provocam alergias alimentares ou intolerâncias), de forma clara e realçada (a negrito ou com grafia diferente), por exemplo: glúten;
- Descrição de aditivos designados pela sua categoria (corante, antioxidante, conservante), pelo seu nome específico (dióxido de enxofre, ácido L-ascórbico) ou pela Letra E seguida de um número de 3 algarismos (ex: E300).
Quanto menor o número de ingredientes, mais natural é o produto alimentar. Por esta razão, devem evitar-se produtos que têm uma lista de ingredientes muito extensa e que contenham nomes dos quais não conhece. Normalmente, nas listas de ingredientes, são usados compostos com diferentes denominações. Um bom exemplo é o açúcar, o qual podemos ver com os seguintes nomes: dextrose, xarope de milho, xarope de malte, glicose, maltodextrina, sacarose, maltose, mel, melaço, caldo de cana.
Declaração Nutricional
Na maioria dos produtos alimentares é obrigatória a apresentação da declaração nutricional do valor energético (Kj e Kcal), dos hidratos de carbono e açúcares (g), das proteínas (g), dos lípidos e ácidos gordos saturados (g) e sal (g). A declaração nutricional dos ácidos gordos mono e polinsaturados (g), fibra (g) e vitaminas e minerais é facultativa.
Quando um produto tem alguma alegação nutricional (exemplo: fonte de cálcio) a sua informação nutricional é obrigatória no rótulo, ou seja, tem que estar descrito a quantidade daquele nutriente em específico.
No rótulo, a declaração nutricional é feita por 100g ou 100ml do produto alimentar em questão. Na maioria dos produtos alimentares constam igualmente o valor nutricional por porção recomendada. Em produtos alimentares que requerem outros alimentos na sua preparação, por exemplo papas, sobremesas e café instantâneo, é apresentado o valor nutricional da porção do alimento em junção com o alimento necessário (descrito na tabela) para a sua preparação.
As gorduras ou lípidos funcionam como reservas de energia. As gorduras saturadas estão presentes em alimentos de origem animal, nomeadamente a gordura das carnes, peles, charcutaria, óleos e manteigas. O seu consumo em excesso pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
As proteínas são necessárias para o crescimento e manutenção dos órgãos e estão presentes na carne, peixe, ovos, leguminosas e lacticínios.
Os hidratos de carbono fornecem energia ao nosso organismo para a realização de todas as funções fisiológicas. Estão presentes em cereais, massa, arroz, farinha, pão, batata, leguminosas (hidratos de carbono complexos) e fruta, açúcar e mel (hidratos de carbono simples). O teor de açúcar referente aos hidratos de carbono é obrigatório estar presente nos rótulos. Deve dar-se preferência a alimentos com baixo teor de açúcares, ou seja, não conter mais de 5g de açúcar por 100g para alimentos sólidos e 2,5g de açúcares por 100ml para líquidos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o consumo de sal não deve ser superior a 5g por dia, pois este, quando em excesso, agrava a hipertensão arterial, que é um fator de risco para doenças cardiovasculares. Recomenda-se que escolha produtos em que o teor de sal é menor que 0,3g por 100g de produto sólido e líquido.
A fibra ajuda a diminuir o risco de obstipação e outras doenças, por isso é importante que se consumam alimentos como fruta, legumes, cereais e derivados de cor escura e leguminosas.
Usualmente são também encontrados símbolos, denominados de semáforo nutricional, que são um guia para uma melhor escolha dos alimentos. São categorizados por cores verde, amarelo e vermelho, sendo que deve preferir os alimentos com mais símbolos verdes. Os semáforos nutricionais são, por norma, baseados nas doses diárias recomendadas para adultos saudáveis que consumam entre 1800 a 2000 kcal diárias.
Prazo de Validade
O prazo de validade é obrigatório nos rótulos. A forma como é apresentado depende do risco de intoxicação associado ao seu consumo. Existem duas denominações diferentes:
- “Consumir até” – que significa que as propriedades do alimento se alteram após o prazo e há risco de intoxicação no seu consumo;
- “Consumir de preferência antes de” ou “Consumir de preferência antes do fim de” – que significa que podem ocorrer alterações na textura ou sabor do alimento, mas não há risco associado ao seu consumo após o prazo.
Condições de Conservação
No momento da compra, os produtos devem apresentar as melhores condições de integridade, devendo ser rejeitados os produtos com embalagens esmagadas, abertas ou estragadas e dos quais seja evidenciada a probabilidade de desenvolver intoxicação alimentar. Além disso, para garantir a segurança alimentar até ao momento do consumo, devemos ter atenção às condições de conservação dos alimentos que estão descritas no rótulo.